Fábio Barros - Articulista
Franquias. Negócios. Emoções. Ídolos.
Sonhos. Compromissos. Prazos. Amadorismo. Profissionalismo...
Confuso? Não fique. Eu explico.
Quando comecei a curtir música e
criar meus primeiros ídolos, descobri uma parte importante da minha alma. E meu
traquejo para cantar. Ora pois, pois...
Naquela época, 80-90, a coisa era
muito mambembe, mesmo os artistas consagrados se deparavam com infra-estrutura
precária de som, iluminação, cenografia e espaços. O que criava cumplicidade
com o público e aquele sentimento que muitos chamavam de “guerrilha cultural”.
Que coisa antiquada, meu Deus!
Faz sentido, se a gente lembrar que a
abertura ainda estava se consolidando, e nossas instituições eram bem mais
frágeis do que hoje.
Mas vamos ao ponto: hoje o Brasil
organiza megaeventos como o Rock in Rio com planejamento e estrutura de
primeiro mundo. No entanto, as atrações seguem os ditames do mercado, cabendo
aos espaços alternativos alguns artistas mais identificados com o espírito que
originou o festival.
Não vou criticar o trabalho dos
artistas escalados, especialmente os que reúnem o maior interesse da mídia, nem
ignorar que a perda de espaço dos artistas de rock também é responsabilidade
deles.
Festivais são um grande negócio, e
tem que ser viáveis comercialmente para ter continuidade. Se um dos seus
artistas favoritos, daqueles que fazem “rock de verdade”, vem e faz um show
digno da sua paixão, comemore! Será que ele viria em outra circunstância?
Se serve de consolo, estive este ano
no Festival de Jazz de Montreux, na Suíça. Evento tradicional, realizado há
mais de quarenta anos. Como bem observou meu amigo Anand Rao, parceiro na
empreitada, o festival não tem Jazz!
De fato, em um dos espaços fechados
(e pagos!), havia artistas de Jazz se apresentando diariamente, num ambiente
intimista. Além disso, algumas oficinas nos espaços abertos. Assisti shows de
Soul, Fanfarras, Rock, Aborígenes e ... nada de Jazz.
No espaço principal, shows de nomes
como Ben Harper, Green Day, Sting, ZZ Top, Prince, Kraftwerk, Joe Cocker e
Herbie Hancock, fechando o festival (e honrosamente representando o Jazz em
alto nível).
Portanto, fã de Bruce Springsteen,
Metallica ou Florence and the Machine, curta seu esperado show, avalie o evento
de forma ampla e, se achar que deve, mobilize-se para criar alternativas. Faz
muito bem!
Fábio Barros
Cantor, Compositor, Engenheiro... e
curioso irrecuperável!
fabio.cbmdf@gmail.com