terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Entrevista - Desafios da Produção Cultural - Bruno Braz Golgher para o Jornal O Tempo

ENTREVISTA

Desafios da produção cultural 

Bruno Braz Golgher Empresário e produtor cultural, idealizador do Savassi Festival

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BRUNOGOLGHER
Bruno Braz Golgher - Empresário e produtor cultural, idealizador do Savassi Festival
PUBLICADO EM 29/12/13 - 04h00

O produtor cultural, especializado em eventos em espaço público, utiliza de suas formações como economista e mestre em sociologia para produzir um dos maiores eventos de jazz do Brasil: o Savassi Festival, que neste ano foi realizado, pela primeira vez, em Nova York. Na conversa, ele fala sobre essa incursão internacional e sobre a efetividade das leis de incentivo.
 

Em 2013, o Savassi Festival teve sua primeira incursão internacional com a edição Savassi Festival: Nova York. Como foi a experiência de realizar um festival de jazz em um dos berços mundiais do gênero?

Foi ótimo fazer o festival lá. O primeiro ano foi muito difícil, porque sou apenas um ilustre desconhecido no meio. Agora, trabalhar nos EUA é muito bom porque as pessoas são muito abertas e diretas. Por outro lado, a maior dificuldade foi com os prazos, por serem incompatíveis com a realidade da produção cultural brasileira. Lá eles planejam festivais e shows com dois, cinco anos de antecedência.

O projeto para segunda edição do evento na Big Apple foi aprovada pela segunda vez pelo Fundo Estadual de Cultura. Isso garante a segunda edição do evento?

O custo do festival lá é maior do que aquele aprovado. Se você me perguntar se vai ter outro, eu direi que sim, mas não será exclusivamente com o dinheiro do Fundo porque não é suficiente. No ano que vem, o festival também acontecerá em Boston. E, mesmo com a dificuldade financeira, já estou trabalhando com algumas bandas para também realizar uma versão em Londres, onde consegui um parceiro, mas não sei se sai ainda em 2014. Outro local que desejo fazer uma versão do festival é no Japão, mas esse é um projeto mais ousado e também custará muito mais caro.

Além de apresentações musicais, os intercâmbios são um forte pilar do Savassi Festival. Músicos internacionais não só fazem shows em Belo Horizonte, mas ministram workshops. Essa característica permaneceu na edição realizada em Nova York. É uma preocupação do evento manter esse escopo?

Bom, o festival, assim como o cenário cultural, vai mudando o tempo todo, algumas coisas que eram relevantes há dez anos deixam de ser. É natural que isso aconteça. O festival começou a assumir um legado que transcende os shows. E como ir além? Envolvendo parceiros locais, clubes de jazz, assim como realizando os workshops e promovendo colaboração entre os músicos e residência artística. Hoje em dia, por exemplo, os artistas compõem para o festival. Somente na edição passada tivemos quatro composições inéditas em formatos muito diferentes. O DJ Anderson Noise colaborou com o músico Jakob Bro, da Dinamarca – o que não significa subir ao palco e se apresentar na hora, mas se encontrarem antes e criarem algo juntos. Quando o festival acaba, as parcerias continuam. Tudo isso aponta para uma diferença do festival.

O jazz brasileiro foi bem recebido pelos norte-americanos?

Sem dúvida, eles gostaram muito. Acontece que o cânone do festival em Belo Horizonte é diferente do de Nova York. Eu não vou fazer o que eles fazem, por isso não levei jazz, mas sim música instrumental brasileira. Houve, inclusive, um episódio interessante que o curador do Cornelia Street Cafe nem se deu ao trabalho de me cumprimentar, mas ao ouvir o Juarez Moreira tocar ele disse, “Ué, isso é bonito”. Outro caso interessante foi de um menino que foi em todos os shows e workshops, no final já o conhecia, e ele me disse: “sou ucraniano e toco piano desde os três anos. Mas somente há seis meses ouvi choro pela primeira vez e pensei: ‘é isso’”.

Você produz um dos maiores eventos de música de Belo Horizonte há 11 anos, quase todos por meio de renúncia fiscal. Depois de trabalhar tanto tempo por meio das leis de incentivo, qual sua opinião sobre a efetividade delas?

Acho que as leis são efetivas, pois é por meio delas que o dinheiro do mercado é canalizado. É impensável um mercado sem elas. Mas tudo é passível de criticas e há muitos problemas nelas. Eu acho que as leis têm prazos incompatíveis com a excelência artística, que não existe a um curto prazo. Não tem como comprar passagens internacionais com o prazo estipulado pelas leis. Com esse horizonte temporal curto, não há fluxo de caixa, assim, quando o dinheiro chega, você já está todo endividado. Tudo isso joga contra o trabalho e uma boa criação artística.

Qual é a receita para manter vivo e aperfeiçoar um evento como o Savassi Festival por tanto tempo?

Não há receita. Foi o Café com Letras restaurante), meu outro negócio, que me permitiu, de uma maneira maluca, correr um risco grande ao financiar pagamentos para o festival. Sem ele, o festival não existiria como é atualmente. É muito comum esse cruzamento de recursos. Você vê artistas que são professores e subsidiam seus projetos com outras rendas. Isso ajuda, mas o processo em si é muito desafiador, não é brincadeira.

Em Belo Horizonte, o Conselho Municipal de Cultura foi criado pela Lei 9.577. Depois do primeiro mandato encerrado, você pôde notar se a atuação desse conselho, no que diz respeito a fiscalização e demais funções previstas pela lei, já pôde ser notadas?

Na verdade eu não acompanhei. Mas tenho um forte sentimento ambíguo sobre esses conselhos, em geral, porque eles acabam, mas nunca chegam a um final. Acredito que é preciso ter menos reuniões, menos comissões e algo mais livre, porque se eu for acompanhar tudo isso, eu não consigo fazer o meu trabalho.

Você teria alguma sugestão para a melhoria das do funcionamento das Leis de Incentivo à Cultura, em geral?

Bem, primeiro o calendário de cada edital deveria durar pelo menos três anos, assim como o anúncio das datas de publicação dos editais. Não faz sentido passar o ano todo atrasado, como acontece na Lei Municipal de Belo Horizonte. Nessa lei, ainda há uma instrução normativa que piora as coisas: ela estipula que depois de o projeto ser aprovado são necessários 60 dias para começar a receber o dinheiro. Outro exemplo é o edital da Belotur, lançado a cada três meses, nem os artistas nem a Belotur conseguem avaliar direito. É preciso, também, descomplicar os processos, principalmente no que diz respeito à prestação de contas, que consome um grande esforço e muito dinheiro. É preciso entender que o que está sendo feito vai muito além de notas fiscais. É preciso ter um jeito de você dedicar 95% de seu tempo à arte e não o contrário.

O historiador inglês Eric Hobsbawn, morto em 2012, intitulou um dos capítulos de “Tempos Fraturados” de “Por que realizar festivais no século XXI?”, no qual discute relações entre sociedade e cultura, com destaque para os festivais. Faço do título dele, minha última pergunta.

Eu já li esse capítulo, e acho que ele diz que festivais têm surgido como cogumelos. Nesse contexto, acho que, de fato, o mercado cultural cresce no mundo todo. E, no caso dos festivais, acho que eles têm desempenhado um papel quase dionísico, por serem uma ocasião que você saí do seu apartamento e da sua rotina diária e se congrega. Além disso, os festivais são um local de encontro de pessoas que têm interesses específicos que se identifiquem. Acho que o Savassi Festival desempenha um papel de formar público.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Até 30% do que circula na web é conteúdo duplicado, diz Google

Até 30% do que circula na web é conteúdo duplicado, diz Google

Nem tudo, porém, é spam, informação repetida que pode ser maliciosa.
Executivo explica que há tratamento diverso para organizar buscas.

Do G1, em São Paulo

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Nem tudo que circula na internet é original. Nas contas do Google, entre 25% e 30% do conteúdo disponibilizada na rede é duplicado, ou seja, é uma cópia de informações que circulavam na web.

“Conteúdo duplicado apenas acontece. As pessoas citam um parágrafo de um blog e depois linkam para seu blog, esse tipo de coisa. Não é o caso de que todas as vezes exista conteúdo duplicado seja spam”, disse Matt Cutts, executivo do Google que lidera o time antispam da empresa, em vídeo postado nesta segunda-feira (16) no YouTube.

O vídeo faz parte de uma série em que o Google responde a questões de enviadas por consumidores. A pergunta em questão era sobre como o Google lida com conteúdo duplicado para exibir os resultados das buscas feitas na internet.

Segundo o executivo, a empresa busca por conteúdo duplicado e trata de diferente forma o que são apenas citações ou referências e o que é decididamente spam.

Vai viajar com sua câmera? Veja o que levar junto

Vai viajar com sua câmera? Veja o que levar junto

 Dave Johnson, PC World EUA*
17 de dezembro de 2013 às 07h00
Estes acessórios e dicas irão ajudá-lo a garantir melhores fotos, facilitar o compartilhamento e até mesmo proteger seu equipamento.

Não importa se você está tirando uma semana de férias, dando uma escapadinha da rotina no fim de semana ou só fazendo uma viagem rápida de um dia, provavelmente irá querer levar sua câmera digital com você para fazer fotos melhores do que seria possível com seu smartphone. 

Mas de que acessórios você precisa para conseguir as melhores fotos e manter seu equipamento seguro? Para responder a esta pergunta, montei este kit para “fotógrafos viajantes”. A não ser que você seja um fotógrafo da National Geographic não vai precisar de tudo o que está nesta lista, mas ela pode ser útil para encontrar aqueles itens essenciais para você.

Coloque sua câmera numa bolsa adequada: como você transporta sua câmera? Se você a deixa solta dentro de uma mochila, ou não a coloca em nenhum tipo de bolsa, é hora de mudar. Não há uma única bolsa perfeita para todo mundo, e é por isso que você encontrará um milhão de modelos à venda em lojas de equipamento fotográfico e online, mas dá pra reduzir as opções procurando por um modelo que se adeque melhor ao seu estilo de vida e equipamento. Por exemplo, você prefere uma bolsa estilo “carteiro” ou uma mochila?.

Procure por uma bolsa bem acolchoada e com compartimentos separados para lentes e outros acessórios. Alguns modelos tem até espaço para outros eletrônicos, como um iPad ou Notebook.

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Uma capa protegerá sua delicada (e cara) dSLR da chuva

Saia da chuva: câmeras não gostam de ambientes úmidos, e uma chuva inesperada pode arruinar seu equipamento. Tenha sempre à mão uma capa de chuva, há modelos descartáveis que custam alguns poucos reais a outros mais sofisticados, feitos sob medida para câmeras específicas, que custam muito mais. 

Tenha extras: quanto mais tempo você for ficar longe de casa, maiores as chances de algo “acabar” numa hora inapropriada, como a carga das baterias ou o espaço no cartão de memória. É uma boa idéia levar sempre duas baterias totalmente carregadas com você, uma na câmera e uma extra na bolsa, além de um carregador se você for ficar fora de casa por mais de um dia. E como os cartões de memória são incrivelmente baratos hoje em dia, vale a pena levar sempre dois ou mais deles. Não confie apenas em um único cartão, não importa a capacidade: se ele falhar, você irá ficar na mão.

Use o smartphone para compartilhar: faz tempo que somos fãs dos cartões Eye-Fi. Eles parecem, e se comportam, como um cartão SD comum, mas também tem uma interface Wi-Fi integrada para transferir as fotos diretamente de sua câmera para seu PC, sem fios. Uma nova versão é o Eye-Fi Mobi (US$ 50 pelo modelo de 8 GB), que foi projetado para enviar fotos de sua câmera para seu smartphone. É muito fácil de usar: ligue a câmera, abra o app e como mágica as fotos (e vídeos) começam a aparecer no smartphone, de onde podem ser editadas e compartilhadas em sua rede social favorita. Seus Instagrams nunca mais serão os mesmos!

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Cartões Eye-Fi transferem automaticamente suas fotos da câmera para o smartphone

Consiga um flash melhor: precisa do flash para iluminar uma cena? O Lightscoop (para dSLRs) e o Lightscoop Jr. (para câmeras compactas) são acessórios que refletem e espalham a luz do flash, resultando em fotos com iluminação mais natural, e quase não ocupam espaço na bolsa. Ambos custam menos de US$ 20 cada.

Estabilize a câmera: fotos feitas com uma câmera estável quase sempre ficam melhores, mas tripés são grandes e desajeitados, então é provável que você não queira levar um na viagem. Para uma alternativa leve, compacta e pouco convencional, experimente o Joby GorillaPod (o modelo original custa cerca de US$ 20, os mais sofisticados saem por US$ 100). Lojas de material fotográfico costumam ter “mini tripés” que também podem vir a calhar. Ou dê uma olhada no The Pod (a partir de US$ 8), que é basicamente um “pufe” com uma rosca universal. 

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Um "tripé" flexível e portátil como o GorillaPod, da Joby, pode ser muito útil

Leve um notebook e cabo: se você vai ficar longe de casa por mais do que um ou dois dias e quer proteger suas fotos, sua primeira linha de defesa é seu notebook. Leve-o com você, acompanhado por um leitor de cartões de memória ou o cabo USB da câmera, e crie o hábito de toda noite descarregar as fotos do dia, mantendo um “backup” no micro. Assim, se sua câmera for perdida, roubada ou danificada, pelo menos parte das suas fotos estará à salvo. E com um notebook você também pode editar as imagens. Outra opção é descarregar e editar as fotos em um iPad, o que você pode fazer com o Camera Kitoferecido pela Apple (R$ 129).

Prepare-se para o backup: por fim, considere levar um HD externo com você. A decisão aqui depende de quão neurótico você é na hora de proteger suas imagens. Um HD externo de 500 GB custa hoje menos de R$ 200, quase não ocupa espaço na bolsa e sequer exige uma fonte de alimentação separada.

*Com informações de Rafael Rigues, PC World Brasil

G Fast

A União Internacional de Telecomunicações (ITU, na sigla em inglês) aprovou recentemente as primeiras especificações do G.fast, tecnologia fortemente cogitada para suceder o ADSL e semelhantes dentro de alguns anos. O seu principal atrativo é a promessa de atingir velocidades de até 1 gigabit por segundo (Gb/s) a custos razoáveis.

Atualmente, somente redes de fibra ótica conseguem oferecer velocidades altas em conexões físicas, mas estas têm custo elevado de implementação e manutenção por conta de sua complexidade. Assim, a maioria dos países aproveita a infraestrutura já existente de telefonia e cabeamento de TV para levar acesso à internet ao maior número possível de pessoas.

O G.fast, cuja identificação oficial é ITU-T G.9701, surge com a proposta de ser um meio termo entre estes dois extremos: essencialmente, a tecnologia se baseia em uma arquitetura de fibra ótica que segue até um ponto de distribuição; a partir daí, cabos de cobre semelhantes aos utilizados para telefonia ou mesmo TV fazem a conexão até o local de destino. O único agravante é que a distância entre ambos não pode ser superior a 250 metros.

Este esquema permitirá ao G.fast o uso de uma frequência de 106 MHz (que pode ser expandida para 212 MHz em uma fase posterior), característica que, combinada a outros aspectos, contribui para níveis de transferência de dados elevados. Mas, apesar da possibilidade, é pouco provável que as conexões venham mesmo a oferecer 1 Gb/s em escala comercial, dado o risco de interferências entre as linhas. Assim, estima-se que as taxas reais não passarão de 500 megabits por segundo (Mb/s), o que ainda é extremamente alto, convenhamos.

O G.fast ainda está em desenvolvimento, vale lembrar, portanto, questões de interferência e outras limitações certamente serão tratadas pela ITU. O plano da entidade é que as especificações finais da tecnologia sejam finalizadas até abril de 2014.

O cumprimento deste prazo não significa, todavia, que as companhias de telecomunicações irão implementar o G.fast prontamente, mesmo com a tecnologia podendo aproveitar a rede de telefonia. Antes disso, a indústria precisa desenvolver chips e equipamentos apropriados, trabalho que depende das especificações finais para ser iniciado oficialmente.

Alcatel-Lucent e Telekom Austria são duas das principais companhias interessadas pelo projeto. Em testes realizados por ambas no meio do ano, uma conexão via par de cobre atingiu a velocidade de 800 Mb/s a uma distância de 100 metros da central e 1,1 Gb/s quando este intervalo foi diminuído para 70 metros.

Como se vê, pelo menos em laboratório, o G.fast é mesmo promissor.

Com informações: ExtremeTech

G.fast pode fazer a conexão da sua casa chegar a 1 Gb/s num futuro não muito distante

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Escultura em madeira - decoração de paredes

O requinte de Ton Dias e suas esculturas em madeira para decoração de paredes.
Caso não consigua visualizar, clique
aqui.
Escultura em madeira - decoração de paredes

Olá,
Sou Ton Dias, artista plástico e luthier, de Belo Horizonte-MG.
Venho aqui convidar você a conhecer o meu trabalho de esculturas em madeira para decoração de paredes.

São trabalhos que guardam um requinte diferencial, pois além de possuírem intenso movimento e expressão, são feitos com madeiras maciças e nobres (vinhático, Peroba, Cedro, Tauari, etc).

Acesse meu endereço web e também minha fan page do facebook para poder sentir a magia, a vibração e a energia que coloco nessas esculturas.
Vale a pena conferir!

Endereço web: http://artecommadeiraentalhe.tk
                            http://artemadeiraesculturaparede.tk

Facebook:  www.facebook.com/madeiraesculturaparede

 

"A relação de mutualismo entre a fragilidade humana infantil e o poder do falcão não poderia ser colorida com outro tom, senão o dourado. O Ouro, na escultura de madeira, serve simplesmente pra enfatizar a preciosidade de uma união desse patamar, uma conexão que equilibra fraquezas e soma forças. Saiba mais a respeito do trabalho clicando aqui"Caso queira saber mais a respeito, cliqueaqui.

 

"Olhando de um modo desatento, veremos apenas uma cena de amamentação comum, com uma outra pessoa, ao fundo, observando com expressão de contentamento. Mas, se olharmos bem para essa escultura de madeira, poderemos enxergar algo aparentemente estranho na criança." Saiba mais a respeito do trabalho clicando aqui.

 

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Arte em madeira:
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Clarice Lispector completaria 93 anos hoje; leia texto infantil da escritora Tininha

Tininha

Publicado por Folhinha

Nesta terça-feira (10), Clarice Lispector completaria 93 anos. A escritora, que nasceu na Ucrânia e mudou-se ainda criança para o Brasil, é uma das principais autoras da língua portuguesa e escreveu obras importantes, entre eles “A Paixão Segundo G.H” e “A Hora da Estrela”.

Clarice, que também foi jornalista e tradutora, ficou famosa pelo seu jeito de escrever. Nos seus livros, ela tenta desvendar os mistérios do ser humano, explorando atitudes e gestos comuns do dia a dia.

Abaixo, confira um texto de “Como Nasceram as Estrelas – Doze Lendas Brasileiras” (Rocco, R$ 28), publicada na “Folhinha” em dezembro de 1987. No livro infantil, ela conta lendas e histórias de personagens do folclore brasileiro, como o Curupira e o Saci.

Ela também publicou outros livros para crianças, como “A Mulher que Matou os Peixes” e “A Vida Íntima de Laura”. Clarice faleceu em 1977, no dia 9 de dezembro.

Escritora Clarice Lispector em meados dos anos 1960 / Fundação Casa de Rui Barbosa

Como nasceram a estrelas

Pois é, todo mundo pensa que sempre houve no mundo estrelas pisca-pisca. Mas é erro. Antes os índios olhavam de noite para o céu escuro – e bem escuro estava esse céu. Um negror. Vou contar a história singela do nascimento das estrelas.

Era uma vez, no mês de fevereiro, muitos índios. E ativos: caçavam, pescavam, guerreavam. Mas nas tabas não faziam coisa alguma: deitavam-se nas redes e dormiam roncando. E a comida? Só as mulheres cuidavam do preparo dela para terem todos o que comer.

Uma vez elas notaram que falava milho no cesto para moer. Que fizeram as valentes mulheres? O seguinte: sem medo enfurnaram-se nas matas, sob um gostoso sol amarelo. As árvores rebrilhavam verdes e embaixo delas havia sombra e água fresca. Quando saíram de debaixo das copas encontravam o calor, bebiam no reino das águas dos riachos buliçosos. Mas sempre procurando milho porque a fome era daqueles que as faziam comer folhas de árvores. Mas só encontravam espigazinhas murchas e sem graça. “Vamos voltar e trazer conosco uns curumins.” Assim chamavam os índios as crianças. “Curumim dá sorte.”

E deu mesmo. Os garotos pareciam adivinhar as coisas: foram retinho em frente e numa clareira da floresta, eis um milharal viçoso crescendo alto. As índias maravilhadas disseram: toca a colher tanta espiga. Mas os garotinhos também colheram muitas e fugiram das mães voltando à taba e pedindo a avó que lhes fizesse um bolo de milho. A avó assim fez e os curumins se encheram de bolo que logo se acabou. Só então tiveram medo das mães que reclamariam por eles comerem tanto. Podiam esconder numa caverna a avó e o papagaio porque os dois contariam tudo. Mas e se as mães dessem falta da avó e do papagaio tagarela? Aí então chamaram os colibris para que amarrassem um cipó no topo do céu. Quando as índias voltaram ficaram assustadas vendo os filhos subindo pelo ar. Resolveram, essas mães nervosas, subir atrás dos meninos e cortar o cio embaixo deles.

Aconteceu uma coisa que só acontece quando a gente acredita: as mães caíram no chão, transformando-se em onças. Quanto aos curumins, como já não podiam voltar para a terra, ficaram no céu até hoje, transformados em gordas estrelas brilhantes. Mas, quanto a mim, tenho a lhes dizer que as estrelas são mais do que curumins. Estrelas são os olhos de Deus vigiando para que corra tudo bem. Para sempre. E, como se sabe, “sempre” não acaba nunca.