Mário Salimon - Cineasta, Músico e Jornalista
Ouvia falar de Anand Rao já nos anos 80 e pensava que deveria ser mais um daqueles chatos metidos a espiritualizados, que se orientalizam pra ter uma importância impossível na mediocridade do cotidiano. Passou o tempo e entendi que cada um tinha sua busca e cada busca sua importância. Feia mesmo era minha arrogância. Mais que isso, descobri que Anand era, de fato, filho de um indiano e que os mantras vinham de berço.
Ficamos amigos e aprendi a respeitar o batalhador que faz de tudo para mostrar ao mundo sua arte pouco comercial. Anand é o tipo que consegue assoviar e chupar cana ao mesmo tempo. Ele faz poesia, toca o violão, grava, edita, faz CD e manda pra nuvem, tudo isso enquanto luta pra manter a saúde em dia e seu Sarau do Anand Rao no ar. Vejo que ele, às vezes, fraqueja, mas nunca desanima. Os amigos não vão permitir que isso aconteça.
Agora Anand se prepara para enfrentar Montreux com o fiel escudeiro Fabio Barros. Vão levar violão e gerador para tocar no gramado. Lá, como aqui, não é fácil dispor de atenção e um palco privilegiado. Mas Anand, quando não inventa na hora, antecipa-se. O show já foi feito e os climas inventados. Ouvi o som na nuvem e gostei. Songs for Montreux formam um conjunto coerente de "anandismos" vocais e harmônicos. É fácil perceber que existe muito esmero por trás dessa música e que ela vem de um lugar muito inspirado. Se Anand conseguir uma brecha no disputado mercado que há no Festival de Montreux, estaremos, uma vez mais, bem representados
Capa
Contra Capa
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